Introdução

Cursar um mestrado por si só já é um grande desafio, mas quando se está empregado ele se torna um desafio ainda maior. Por maior que seja esse desafio, resolvi encarar dando a cara a tapa para os obstáculos que com certeza irei encontrar durante essa jornada. Sendo assim, para documentar toda essa trajetória, tomei a decisão de criar essa série de posts na qual irei compartilhar como é a rotina, as experiências e demais curiosidades que possam surgir para quem tem interesse em ingressar em uma pós graduação stricto sensu na área de tecnologia.

O propósito dessa primeira edição não é falar sobre o mestrado em si, mas sim sobre os caminhas que eu percorri para tomar a decisão de ingressar no curso passando pela minha trajetória acadêmica. Se você tem interesse sobre o tema, espero que essa série te ajude de alguma forma. Sem mais delongas, let's bora!

Primeira formação

Após o ensino médio temos uma importante decisão a fazer: em qual faculdade e em qual curso ingressar? Como eu gostava muito de esporte e já estudava bastante o assunto, resolvi ingressar no curso de nutrição. Meu objetivo era me tornar um nutricionista esportivo e durante o curso, em paralelo, investir no esporte como forma de me autopromover, ou seja, ser capaz de mostrar em mim mesmo o resultado dos meus estudos. Dessa forma, ingressei em uma universidade federal em período integral. Porém, nem tudo são flores (kkk).

No meu terceiro período de nutrição durante a disciplina de bio estatística, pode-se dizer que eu tive meu primeiro contato com programação. Nessa disciplina o projeto final era realizar uma análise de dados de um dataset a nossa escolha. Eu e meu grupo escolhemos um dataset contendo dados de surtos de doenças transmitidas por água e alimentos nos EUA entre 1994 e 2015. Conforme as aulas foram avançando, fomos aprendendo a como construir e analisar gráficos utilizando R, mais especificamente o pacote Rcmdr que tem uma interface gráfica para facilitar o uso, mas algumas coisas só davam para fazer via código mesmo. Uma conquista bem legal foi que esse trabalho foi selecionado para ser apresentado como um poster na semana de estatística da universidade.

Como curti bastante essa parte mais acadêmica, algum tempo depois dessa apresentação, ingressei como voluntário de iniciação científica em um laboratório que tinha pesquisas na linha de biologia molecular. O famoso PCR (Polymerase Chain Reaction). Curti bastante meu tempo lá e consegui ter mais contato ainda com a área acadêmica tendo publicado alguns artigos na área.

Depois dessa disciplina, resolvi seguir no curso de nutrição, até porque eu já estava começando a treinar um pouco mais sério, seguindo no plano inicial. Nos períodos subsequentes tive disciplinas que envolviam alguns cálculos, que por mais que fossem simples eram bem volumosos e tomavam bastante tempo para serem feitos na mão, como por exemplo, calcular de ficha técnica de preparação ou realizar cálculos dietéticos. Para resolver esse problema, acabei criando tabelas de excel para automatizar o processo e ganhar tempo para estudar ou fazer qualquer outra coisa.

Porém, quando eu estava quase terminando o curso me veio uma vontade de desistir. Mas, eu já estava no antepenúltimo período, ou seja, faltando somente um ano e meio para me formar. Como já estava tão próximo de me formar, optei por terminar o curso. O que eu não esperava era que no período seguinte viria a p4nd3m14, que mexeu com a vida de todo mundo, inclusive com a minha.

Transição de carreira

Como eu já tinha tido algum contato com programação e também por não ter com o que ocupar minha cabeça durante a p4nd3m14, resolvi começar a estudar programação. Conversei com um amigo que acabou me recomendando um curso de Python na Udemy. Eu praticamente engoli o curso e comecei a ter várias ideias do que poderia ser construído utilizando programação (algumas dessas ideias eu tenho anotado até hoje).

Gostei muito de ter esse contato com programação e a sensação de criar algo novo, do zero, me despertou muito interesse. Até porque na área da nutrição, você pode ser o melhor nutricionista do planeta, mas se o paciente não seguir suas recomendações, de nada adiantou os anos de conhecimento adquiridos em anos de estudo, diferente da área de desenvolvimento que o conhecimento se transforma em algo "concreto" muito rápido. Além, claro, das oportunidades financeiras que a área provê, frente as da nutrição.

Quando o mundo começou a voltar ao normal, eu ainda tinha os estágios obrigatórios do curso de nutrição para fazer, meu TCC eu consegui fazer com relativa rapidez por já saber exatamente o que e como fazer, então, como eu só tinha que sentar a fazer acontecer, não foi um grande obstáculo. Mas, eu já sabia que ia curtir 1000x mais migrar para a área de tecnologia.

Como durante a p4nd3m14 minha carreira como atleta foi pro saco, resolvi aproveitar para fazer os estágios obrigatórios de nutrição durante o dia, mas, em paralelo, me matricular em uma universidade privada em um curso na área de tecnologia no período noturno. Porém, dada a quantidade de cursos que existe na área de tecnologia, qual curso escolher?

Se eu fosse fazer um bacharelado, iria ter que investir pelo menos mais 4 anos e ainda teria que fazer estágio obrigatório, TCC e mais algumas outras burocracias que envolvem um bacharelado. Como eu já tinha passado por essas burocracias e ainda tinha tido contato com a área acadêmica que um bacharelado provê, resolvi rumar no caminho que eu teria o maior aproveitamento de tempo e que me jogasse no mercado o mais rápido possível.

Dessa forma, ingressei no famoso curso de ADS (Análise e Desenvolvimento de Sistemas), mas sabendo que é um curso mais curto e eu acredito que dois anos e meio não sejam suficientes para esgotar o assunto, eu já tinha planos de ingressar em um mestrado ou em uma pós graduação lato sensu assim que terminasse. Dado que juntando o tempo de um tecnólogo mais de uma pós daria quase o mesmo tempo necessário para finalizar um bacharelado. Sendo assim, ao fim, eu conseguiria ter um currículo mais competitivo frente quem só tem um bacharelado.

No decorrer do curso de ADS consegui ingressar no mercado de trabalho como estagiário e posso dizer que, ter a casca de ter realizado um bacharelado em universidade federal, por mais que em outra área, me proporcionou algumas soft skills que são bastante buscadas no mercado. Sendo até esse um dos motivos de eu ter conseguido progredir tão rapidamente.

Conclusão

Esse primeiro post é bem introdutório, acho importante conversar um pouco sobre a trajetória antes do ingresso no mestrado. Pois é a partir desse contexto que é possível entender as motivações que tive para ingressar em uma pós graduação, que é um grande compromisso firmado consigo mesmo e que vai durar pelo menos 2 anos.

Em resumo, minha trajetória até o mestrado não foi convencional. Comecei minha jornada acadêmica na nutrição, onde tive meu primeiro contato com análise de dados na disciplina de bio estatística. Esse interesse por dados, aliado à necessidade ganhar dinheiro que a p4nd3m1a me trouxe, me levou a migrar para a área de tecnologia. Não me arrependo nem um pouco dessa escolha e ainda arrisco dizer que no futuro devo conseguir convergir as duas áreas.

Nas próximas edições irei abordar sobre todo o processo do mestrado, que começa muito antes de se inscrever no processo de seleção. Nos vemos nas próximas edições!

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